A Porto Alegre da Lucia
A nave nasceu Porto, Maldonado e Ramirez. Alguns anos depois Ramirez ficou pelo caminho, desde então a dupla Porto e Maldonado pilota a nave e muitas vezes Lucia Porto (no caso, eu) ataca de Major Tom – sim, eu amo Bowie ⚡️
A Porto Alegre da Lucia
A minha Porto Alegre, posso dizer é uma boa parte da cidade. Mas a minha Porto Alegre especial começou a ser sonhada em 2003, quando eu nem sabia que isso seria um sonho.
Eu nasci no bairro Moinhos de Vento, no hospital Fêmina – no quarto 708, 20h15 do dia 27 de abril de 1970, onde provavelmente muitos dos meus amigos que tem cerca de 50 anos nasceram.
(e naquela semana, vejam bem, chegou o primeiro Boeing 707 da finada Varig na cidade)
Nasci ali e por ali fiquei anos, décadas. Primeiro no Caravelas, tradicional prédio da esquina da Dr.Timóteo com a 24 de outubro, onde quase morri antes de nascer, porque minha mãe miraculosamente se salvou de um armário aéreo assassino que quase caiu na cabeça dela. Um dia peçam pra Mabel contar essa história: mistérios do além.
Nasci ali e quatro anos depois veio meu irmão, o Paulo. Em seguida nos mudamos pra um prédio na Gonçalo de Carvalho – hoje conhecida como a rua mais linda do mundo…Ali vivi bons anos, estudei na Escolinha de Artes e Recreação e comi miles torradas no Joe’s, patrocinadas pela vó Lucy, que morava no Esplanada: André Puente 475 apartamento 61. Ah, e o telefone era 255917.
Lembramos de tantas coisas, né?
Mas voltando. Saí do bairro com 12 anos e fiquei pelas Três Figueiras muito tempo. Completei os estudos no Colégio Farroupilha – Salve, Salve a Nossa Escola, andei de bici pelas lombonas da região, joguei futebol na praça do Seu Barbosa, comprei chocolate em fardos no Gecepel, fiz natação do lado da Helmuth…que tempo bom que era.
Mas continua sendo, eu diria. Aqui um pulo no tempo de mais ou menos uns 15 anos, morei fora de Porto Alegre, voltei e na volta caí no meio do caminho entre Rio Branco e Moinhos de Vento, onde morei no meu primeiro apartamento meu, de verdade, sozinha.
Sozinha não. Eu e o Gato. Depois eu, o Gato e a Gala. Foi lindo.
Em 2003 então, o sonho chegou. E quem me ajudou a sonhar – e ainda o faz diariamente, há mais de 20 anos – é a Ana Maldonado, minha sócia na navecomunica desde 2003 e na vida desde 2000. Sobrevivemos ao bug do milênio – ou quem sabe fomos resultado dele, rs.
E desde que a nave é nave, voltei às origens. Mesmo tendo um curto espaço de tempo da vida passado na Álvaro Chaves, ao lado do estúdio do super talentoso Leonid Streliaev, o Uda – meu dia a dia era no Moinhos. Trabalhando e me divertindo no bairro. Longas tardes no Café do Prado – Quintino Bocaiúva, 837. Diversão, trabalho, aprendizado, amor e risadas em momentos inesquecíveis com a Zaida, a Denise, o Beto e a saudosa Liliane. Que momentos, bah.
Alguns anos depois, estacionamos na Padre Chagas 66 onde ficamos por 12 maravilhosos anos: ali a nave começou a ser o que é hoje, e ali me dei conta que o sonho tinha virado realidade.
Chega 2017, atravessamos o DMAE e cá estamos na Dr.Vale 555.
Minha casa, nossa nave, minha vida: minha Porto Alegre transita em torno da nave.
Simples assim: amo.